Começo (2)

Para começar a responder uma carta tão esperada quanto esta, devo começar dizendo que você não precisa e acredito, de verdade, que nunca vai precisar, pedir alguma coisa como desculpas para mim.Fato e ponto.
Porque no final das contas é totalmente compreensível essa travada que a vida nos dá, algumas vezes.É um "chega pra lá" até que necessário, chego a pensar.
Mas enfim, vamos começar a responder tuas palavras mais do que bem vindas.
Espero que no final desta nova carta eu consiga ajudar com alguma coisa, por menor que esta venha a ser, é o objetivo pelo menos, se não conseguir...Bem, aí quem pede desculpas sou eu! Haha, isso também é uma palhaçada, a distância me deixa um tanto quanto impotente nessas situações.
É claro que te entendo, por sermos parecidos e, principalmente, por eu mesmo ser praticamente o criador desse problema de expressão. A primeira coisa que eu tento colocar na minha cabeça é que relacionamentos são difíceis no geral, com qualquer pessoa.
Nossas personalidades e ego chegam a ser tão grandes, que em contato com outras pessoas, essas personalidades chocam-se como ondas, a ressonância as vezes pode ser destrutiva (apenas para completar a analogia). Relacionamentos são sim muito difíceis.
Sabe? Eu penso muito nisso também, o Mundo e sua imposição, até escrevi à respeito disso há algumas semanas no meu blog "anual". Saca? Nós nascemos praticamente com um destino escrito, não por forças Divinas e maiores, mas pelos nossos próximos e pelo próprio sistema. Você vai andar assim, vai sair com essas pessoas, não com aquelas, vai estudar aqui, vai fazer isso e aquilo e parar de pensar nisso. O Mundo é imperativo, de um jeito tão sutil que nem percebemos. Nos enquadramos sem querer enquadrar, e os que tentam tomar um formato mais curvilíneo são tratados como excêntricos e excluídos. Nessa situação excêntricos procuram refúgio com outros semelhantes, porque...Quem consegue ficar sozinho? Leva a loucura, na certa.
Nesse caminho, acredito que é por causa disso que é mais fácil, nas suas próprias palavras, ser feliz pelos outros do que ser feliz para si. Veja, a nossa projeção nessa vida é criada pelos outros, eles estão felizes com isso...Mas o que a gente quer, por vezes deve ficar em segundo plano. bah! Mentira, nem sempre, é verdade. Nós nascemos na geração do egoísmo, isso é fato e está estampado em cada esquina, sobrevive o mais adaptado. Olhamos apenas para o nosso umbigo e queremos que os outros fiquem em segundo plano, é o antropocentrismo evoluído, a adolescência hoje vai dos 10 aos 25 anos, e depois dos 9 anos o ser humano volta passos atrás e pensa como um bebê que se enxerga como o umbigo do Mundo. Mas mesmo assim, acredito que é verdade, é mais fácil ser feliz para os outros do que para si mesmo, ainda acredito que seja pelo fato de que é mais difícil de enganar a nós mesmos. As vezes me pergunto, será que nós temos o direito de brigar tanto assim pela felicidade? Será que nós não somos apenas etapas para uma evolução? Se formos mesmo, não importa nossas vidas, para a natureza, pelo que estudamos, não importa mesmo. Tudo o que importa nessa teoria são os nossos espermas e óvulos.
Essa encruzilhada, de não saber onde estou, para onde vou, acho que também pisei nessa armadilha da crise existencial dos 20 anos. Sabe? Uma agonia de não querer estar aqui e estar lá, de precisar de mais espaço e sentir que essa cidade é pequena de mais, e que estou cercado de cactos confusos. Mas é uma etapa que não dá pra pular. Eu ainda não sei o que fazer, mas assim que souber, te digo! (:
Peço desculpas adiantadas, faz 3 semanas que você escreveu, e talvez seus problemas descritos já tenham sido solucionados, mas mesmo assim quis escrever. Faz falta!
Um abraço, e desejos de melhoras pelos problemas ditos na noite anterior!