E então...Me perco.

(Bem vou abandonar totalmente um linguajar culto, quero falar como meus pensamentos vem e como eu, eu mesmo, falaria.Ok, talvez não como eu falaria, mas como meus pensamentos estão vindo à minha mente neste exato momento).

E ae rapaz!

Essa é mais uma daquelas noites que parecem ser longa de mais para caber num espaço curto de contagem de algumas poucas horas.Minha cabeça não consegue se concentrar o suficiente naquilo que chamamos de sono, e toda vez que ele aparece essa agitação toda espanta ele como se fosse um bixo do mato, pulando de trás de um arbusto.Bizaaarro, mas real.O que eu fiz? Bah...levantei e aqui estou, nada melhor do que escrever um pouco para depois ir deitar, e covenhamos, estou devendo essa pra você já faz uma semana pelas contagens da internet.

Sabe? Pensei nisso que você disse...o conselho que você colocou em todas aquelas letras que formaram o teu " meio termo entre telegrama e carta ", mas que pra mim, ainda é uma carta completa com remetente e destinatário mais certos do que nunca.
Acho que como você bem sabe, essa coisa de expressar exatamente o que se passa nesse universo dentro da minha cabeça, é algo mais complicado do que parece né?!
Em um ponto dessa estradona que eu estou percorrendo, em algum momento, eu tropecei.E quando levantei, não conseguia mais falar abertamente, ou demonstrar linhas de sentimentos.É, eu me fechei, normal.
Por isso talvez seguir teu conselho seja algo um pouco mais difícil do que normalmente seria.Mas admito que as coisas estão melhorando nesse ponto, e já sinto que essa melhora é totalmente positiva, certo? E por isso concordo com você, quando diz que o dia parece melhor depois de praticar todos esses exercícios verbais e liberar palavra por palavra de embromo que existe no fundo de cada alma, é um alívio poder abrir a porta de casa, colocar os pés para dentro e não sentir aquela bola de confusão negra e agressiva dentro do estômago.Mas é um alívio que por vezes se torna raro.
Os momentos de nudez da alma são por exemplo, agora.Um momento meu, e só meu, de organizar os pensamentos e tentar coloca-los em linha ordenada e pacífica.Infelizmente, ou felizmente, exposta para quem tiver algum tempo para jogar fora e perdê-lo lendo alguma inutilidade na internet.
Escrever é algo novo, muitas vezes as confusões interiores saem na forma de algum desenho, ou ao escutar alguma música foda.Até mesmo, um filme foda.
Mas falar...É outra história.
Olhar para mim mesmo, lá dentro, no fundo de uma suposta alma é algo complicado de mais.Ordenar essas imagens desconexas é algo dificílimo, um retrato dessa tentativa seria o labirinto.Imagina? Teseu entrando no labirinto do minotauro sem o novelo de lã? Ele teria sido apenas mais um, não teria conseguido voltar mesmo após ter matado o tal do vilão.Pois é...mesmo encontrando a resposta desejada, eu nunca consido voltar pra "realidade" com palavras palpáveis (:
É fato.
Ok..ok! Não digo nunca, mas a maioria das vezes.Acho na verdade, com um otimismo que eu tirei agora da cartola, que esse nunca está ficando cada vez mais fraco, pra minha sorte eu espero que realmente esteja! E não seja mais uma pegadinha da minha cabeça.
Creio que nesse ponto da minha vida eu tenha aprendido a disconfiança, sabe? Não confiar mais, palavras, aos outros e isso acabou se consolidando cada vez mais em torno de mim e de mim, erradiava para as outras pessoas, de modo que a confiança minguava de mim até os mais próximos.Apesar de tudo, mesmo sabendo que ficar calado é algo negativo, por vezes é um bom negócio.

Por fim, de verdade, o que eu realmente queria dizer se perdeu aí no meio.Me desculpe, acho que ficou confuso de mais, e minha habilidade na escrita não se compara à sua.Mas é algo mais ou menos assim mesmo. (:
Saudade grande cara.
Com muito otimismo (ainda) estou te enviando essa mensagem (que ficou grande demais para ser um telegrama e um tanto quanto pequena para ser chamada de carta).

Não consigo deixar de pensar em tudo que estamos vivendo agora e no que vamos viver. Acho que o Mundo me pegou de jeito e está me ninando de uma forma tão especial que não sei exatamente o que dizer.

(Não sei se você chegou a ver um vagalume que passou aqui por perto. Se não, dê uma procurada, por favor. O dia ainda não acabou, sabia? E acho que ele vai ser mais longo do que parece.)

As coisas parecem ficar cada vez mais simples. Mais do que nunca, acredita?

Faça o que eu estou pedindo, se você puder? Estou praticando sem moderações... Abra todos seus pensamentos da forma mais sincera possível. Sinta da forma mais simples e deixe que os outros fiquem sabendo disso. Tente por em palavras o que você está sentindo e declare tudo isso para alguém. Pode ser qualquer um. Qualquer um mesmo.

Você vai se sentir mais puro do que nunca, isso eu garanto. Vai abrir os olhos para muitas coisas. Vai perder o medo de tantas outras. Vai sentir mais e ficar em paz com você e com os que estão por perto. E todo mundo vai perceber. Se não perceberem, continue o exercício e diga o que está sentindo.

Essa carta que estou mandando para você, foi originalmente escrita para mim - agora que percebi. É a continuidade dessa proposta que eu fiz pra você.
E está dando muito certo.

Saudades.
Acho que essa última carta tem uma essência maior da tua pessoa.Digamos que "tem a cara" do autor.Uma preocupação com coisas que realmente importam, contadas de uma forma simples, e que faz pensar.Não há como começar de uma forma diferente se não dizendo "Concordo" e creio que qualquer outra pessoa que ler a carta de baixo, pensará a mesma coisa, salvo uma ou outra pessoa (e eu entendo o porque).
Digamos que essa esperança de uma resposta rápida é algo natural de todos nós, a ansiedade não é algo lá muito gostoso para ser sentida, certo? E lembrando que todos nós a sentimos.Logo, creio que seja por isso que nós sempre desejamos ficar longe da famosa sala de espera do Consultório da Vida.Mas eu sou um dos que concorda com a sua opnião.
O sistema todo inventa mil e um modos de não deixar-nos esperando, ou seja, com um tempo ocioso.Porque? Mil e um motivos.Talvez se lembrarmos do início dessa modernidade toda, o início da Revolução Indústrial (caramba, que massante, mas calma, talvez faça sentido).Quando as fábricas surgiram, surgiram com ela idéias de como fazer a máquina de produção funcionar mais rápido, controlando o tempo de todos os homens que trabalhava na esteira de produção.O tempo de almoço, o tempo de tomar água, ir ao banheiro, o tempo de descanso, até aquela folguinha marota que as pessoas dão fazendo um certo "corpo mole" pra tentar recuperar o fôlego.Acho que talvez essa mania, de controlar o tempo de ócio, tenha pegado de verdade.
Mc Donalds, ouvi relatos de que lá nas Terras do Tio Sam eles controlavam o tempo dos consumidores.Na verdade por aqui também há idéias de que eles fazem o mesmo.Ouvi que nas franquias não havia lugar para sentar, eram apenas umas mesinhas mais altas, pra pessoa apenas arrumar o lanche na mão, e sair comendo para o trabalho.Para os consumidores não perderem tempo comendo, e para a franquia ter mais espaço para mais consumidores.Aqui, no Brasil, ouvi dizer algo curioso sobre as cadeiras, que elas seriam inclinadas para frente, e desconfortáveis de propósito para fazer o cliente sair mais depressa.Enfim, talvez seja boato, talvez não.Mas talvez tenha dado pra pegar a idéia.O que eu quis dizer, no final das contas, é que talvez essa "compilação" do tempo, tenha surgido por causa do trabalho.Pra mim, faz sentido.Pegamos o congelado, o seu exemplo, porque? Pra termos tempo de fazer outra coisa, para poder produzir outra coisa...Nem que seja produzir um tempo de descanso, ou de inutilidade na frente da TV ou do Computador.
Mas a real é que concordo também que isso é extremamente prejudicial, e que as futuras gerações receberão isso de forma bombásticamente forte.Toda essa pressa na verdade fará com que as pessoas percam o dia-a-dia, elas perderão o sol, as núvens, as árvores e a estrada...Tudo porque, depois de tanta pressa, elas não tiveram tempo.Irônico né?Mas pra mim, isso se encaixa com uma certa perfeição.E todo esse cenário se mostra verdadeiro não apenas no campo do trabalho, mas como eu disse, na vida toda.Esperar uma resposta, um sim ou um não, gera uma ansiedade desconfortável.Aí, temos pressa mesmo.Um tanto quanto incontrolável, e talvez necessária.Haha, agora que pensei no que escrevi, tenho medo de não ter respondido ou recebido tua carta como o esperado.Mas foi nisso que pensei na hora de escrever.
Essa é a minha vez de pedir desculpas pela demora, primeira semana da faculdade temo que seja um pouco apressada, e agora que ando um pouco mais ocupado ficará relativamente mais difícil de responder, mas creio que isso seja mútuo.Espero que esteja tudo bem por aí, e espero que teus dias sejam simples como uma refeição (:
Quando os dias são simples, fiquei sabendo que o sol é mais bonito, e o céu cheio de núvens.Como está o seu dia?
Me desculpe.
Estive ausente por muito tempo; pelo menos em meus textos.
Essa carta será a que vai viajar mais longe, passar por mais coisas para, enfim, atingir seu destino, não é?

As coisas tem sido tão simples ultimamente. Imagina o trabalho que dava antes... Quando se sentia fome, era preciso plantar, regar, esperar (e isso é uma das estapas mais importantes), regar mais, esperar mais um pouco, colher e cozinhar para só então comer. Hoje em dia, pegamos o carro, vamos ao mercado e compramos a comida. 3 minutos. É o tempo de espera e você já pode devorar teu almoço. Isso quando você já não compra a coisa toda pronta. Não há mais espera. Mas talvez seja pelo fato de que não se tem mais tempo para poder esperar, não é?

Com ânsia de viver as pessoas acabam esquecendo um pouco aquilo que se chama espera. Paciência. Não é tão fácil como estou dizendo, concordo. Mas, ao menos para mim, muitas coisas deveriam ser diferentes. As pessoas, o comportamento, suas reações. Alguns como eu, esperam o futuro definitivo o mais rápido possível, mesmo quando quase nada depende de nós (e cá entre nós, quanto de tudo isso depende realmente da gente?). Acho que isso é uma espécie de impaciência. Esperar o definitivo, mesmo quando ele não existe. Nada o é, afinal.

Mas voltando ao que eu queria dizer, a espera é algo essencial para todos e cada vez menos percebo isso nas pessoas. Posso até arriscar dizer que "a próxima geração", posterior à nossa, terá mais problemas com esse quesito que nós mesmos. Afinal, qual almoço fica melhor? Aquele por qual lutamos, deixamos um pouco de nós mesmos naquela refeição ou aquele de dois reais, que compramos congelado? Claro que é um exemplo ruim, já que o dinheiro para o congelado só se consegue por fruto de um trabalho ou esforço de alguém. Mas não é questão nem do dinheiro. É a questão da própria experiência que temos em investir em alguma coisa sabendo que ela não estará ali, de prontidão esperando quando quisermos, entende?

Deveria ser ao contrário... A prontidão ser nossa. A paciência ser nossa. Não me refiro a ficar parado, pelo contrário. Agir para atingir um objetivo, mas sem a esperança ou a expectativa de quê ele se realize de uma hora pra outra.

Acho que sempre acabo caindo nos mesmos assuntos, isso até deve estar ficando chato... São essas coisas que realmente me incomodam no final das contas. Talvez essa seja uma forma de melhorar meus problemas, jogando todos pra fora e os transformando em palavras.
Mesmo longe, faço desta carta, então, algo que ao menos nos aproxime um pouco, que diminua, por maior que seja, essa distância toda.