Me desculpe.
Estive ausente por muito tempo; pelo menos em meus textos.
Essa carta será a que vai viajar mais longe, passar por mais coisas para, enfim, atingir seu destino, não é?

As coisas tem sido tão simples ultimamente. Imagina o trabalho que dava antes... Quando se sentia fome, era preciso plantar, regar, esperar (e isso é uma das estapas mais importantes), regar mais, esperar mais um pouco, colher e cozinhar para só então comer. Hoje em dia, pegamos o carro, vamos ao mercado e compramos a comida. 3 minutos. É o tempo de espera e você já pode devorar teu almoço. Isso quando você já não compra a coisa toda pronta. Não há mais espera. Mas talvez seja pelo fato de que não se tem mais tempo para poder esperar, não é?

Com ânsia de viver as pessoas acabam esquecendo um pouco aquilo que se chama espera. Paciência. Não é tão fácil como estou dizendo, concordo. Mas, ao menos para mim, muitas coisas deveriam ser diferentes. As pessoas, o comportamento, suas reações. Alguns como eu, esperam o futuro definitivo o mais rápido possível, mesmo quando quase nada depende de nós (e cá entre nós, quanto de tudo isso depende realmente da gente?). Acho que isso é uma espécie de impaciência. Esperar o definitivo, mesmo quando ele não existe. Nada o é, afinal.

Mas voltando ao que eu queria dizer, a espera é algo essencial para todos e cada vez menos percebo isso nas pessoas. Posso até arriscar dizer que "a próxima geração", posterior à nossa, terá mais problemas com esse quesito que nós mesmos. Afinal, qual almoço fica melhor? Aquele por qual lutamos, deixamos um pouco de nós mesmos naquela refeição ou aquele de dois reais, que compramos congelado? Claro que é um exemplo ruim, já que o dinheiro para o congelado só se consegue por fruto de um trabalho ou esforço de alguém. Mas não é questão nem do dinheiro. É a questão da própria experiência que temos em investir em alguma coisa sabendo que ela não estará ali, de prontidão esperando quando quisermos, entende?

Deveria ser ao contrário... A prontidão ser nossa. A paciência ser nossa. Não me refiro a ficar parado, pelo contrário. Agir para atingir um objetivo, mas sem a esperança ou a expectativa de quê ele se realize de uma hora pra outra.

Acho que sempre acabo caindo nos mesmos assuntos, isso até deve estar ficando chato... São essas coisas que realmente me incomodam no final das contas. Talvez essa seja uma forma de melhorar meus problemas, jogando todos pra fora e os transformando em palavras.
Mesmo longe, faço desta carta, então, algo que ao menos nos aproxime um pouco, que diminua, por maior que seja, essa distância toda.

Um comentário:

  1. Po cara, aí eu choro! ashuhsa, como sempre, muito bom.Tive que comentar.Só.
    Que haja a aproximação, apesar da separação que eu insisto, apenas física!Há como separar a amizade? Escreverei sobre isso, apenas peço paciência, assim que puder, colocarei isso por aqui!
    Ah, passe no concretopensar, se der.Se der! Haha, valeu! E obrigado por tudo, essas cartas são uma salvação.
    Abraço!

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